terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sou fofoqueira, e daí

Definitivamente, eu deveria ter nascido muda. Porque não tenho controle sobre o que falo, muito menos de quem.
E pensando em minha tragetória de vida, concordo que nunca tive. A impressão que tenho é que minha fala é mais rápida que meu pensamento. Sim, é isso. Quando vou pensar sobre o que falei, já foi. O pior é perceber que a maioria das pessoas que conheço sofrem do mesmo mal e devem pagar a lingua constantemente, como eu pago. É, a coisa é pior do que imaginamos. Pior que o vício do álcool, sexo, cigarros, comida. Muito pior. Porque as palavras estão dentro da gente e parecem ter vontade própria. Fazem o que querem de mim. Quando vou ver, pronto, já falei merda de fulano e perdi sua amizade nos próximos 24 dias.
Se pudesse apagar as palavras como faço com o cigarro, mas não. Elas queimam como polvora acesa incendiando os ouvidos de quem está perto. Impossível segurar. Quando percebemos, só restam as cinzas.
A única forma de vencer esse mal seria virar ermitão e viver sozinha, no alto de uma montanha. Teria só a mim para conversar. Pensando bem, isso não seria uma boa ideia porque eu acabaria falando mal de mim, para mim mesma, e minha vida viraria um grande inferno, porque falar mal dos outros é uma coisa, agora, de si próprio, é um dos suicídios mais dolorosos que há. Lento e irremediavel. Deus me livre !
Falar mal dos outros, ruim; virar ermitão, impossível.
Já sei. Um cachorro ! Não. Psicologa. Já tentei, não tem graça.
Pois bem, já que estamos indo para um ano novo, vou prometer aos meus amigos e colegas que em 2011 falarei menos mal deles, até quem sabe começar a falar bem de todos.
Com a condição, é claro, de que eles também começem a falar bem de mim !Uma promessa. Sim. Fofoca, nem pensar.
Mas agora, surge um outro problema...É que além de falar mal dos outros, tenho o costume de falar também da boca para fora. Falo eu, fala você, e assim, vamos falando, no fundo, não ligando nenhum pouco para as palavras.
É, ainda bem que somos assim. Mesmo porque, se não fossemos, não teriamos com quem conversar.
Grande dilema. Indiscreta solução.
Por hoje é isso.

Angélica Medeiros, 28.12.2010

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo

Tenho algo a dizer. E direi não com mãos de chumbo. Algo a dizer entre um turbilhão de emoções.
Porque foi um ano das significações. Onde cada um buscou dentro de si a verdade, que magestosamente, lhe indicou um rumo a seguir.
Vi silêncio onde ninguém dizia verdades. Ouvi palavras que todos discutiam sem pensar. Senti o caos, imaginei a verve. Mastiguei ingratidões para depois, cuspir tudo em um chão repleto de flores. E chorei. E ri. Tudo em dias anônimos e nas horas mais certas que poderia haver. Um ano em que aprendi como ser simples diante do profundo mistério que é ser um homem.
A vida assim, jogada ao movimento dos ventos, que ninguém controla, nem pode parar. A vida intensa, como um desejo persistente, que por não encontrar escoadouro, voltasse toda sua lassidão, para dentro de si mesmo.
A vida revoltosa. Espelho da dor e do consolo. A vida dos outros e da morte.
A vida.
E o que é a vida ? Sim, a pergunta quer cair das nunvens acinzentadas. a pergunta que todos respondem de modo particular, mas que de qualquer forma, são mais iguais do que parecem ser.
O que é a vida ? Para mim ? Para você ?
Por que todos pensam mais nela quando o ano está terminando ?
Gosto de pensar que é porque podemos sonhar com um começo. Sim. Sonhar com um 2011 onde teremos mais certeza de quem somos. Uma certeza que devia brotar de dentro do coração e que nos dissesse para mudar. Uma certeza que nos levasse a amar o velho, com desejo novo.
Uma certeza que nos fizesse parar realmente no dia 1 de Janeiro; parar para ver, com olhos de quem recuperasse a visão, depois de muitos anos, e alegre, dissesse para todos que encontrasse no caminho, o que está vendo.
Eu não sei para onde vamos, nem o que vai ser de nós.
Mas se pudesse aconselhar alguém, que por um acaso, quisesse um conselho para esse fim de ano, eu diria : deixe passar.
Tente de novo. Não desista.
E nunca, mais nunca mesmo, diga : Feliz Ano Novo, sem o desejar realmente.
*aqui vão os votos de Angélica Medeiros, que como vocês, espera confiante, o futuro que já vem chegando.

Angélica Medeiros, 17.12.2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Maria mãe

obs. Obrigada Rodrigo, Alaor e André, pelos sublimes últimos comentários ! Me dão estímulo para continuar. Valeu !


Maria mãe

Maria era desbocada, ingênua e feliz. Não dizia nada que sugerisse uma partida, porque mantinha firme a raíz que a ligava às pessoas que amava, seu marido e filhos, que, para ela, significavam a vida e a morte.
Dia após dia, ela ardia na convicção de superar-se.
Por isso, sugeria mudanças. Dizia sermões com melado na mão. Maria sabia, sim, ela cansava de saber, e dizia na hora da janta, repetindo as palavras de sua avó : viver é uma vez só.
- Por que a senhora vive repetindo isso mãe ? perguntou o maior, divertido.
- Porque não se pode acostumar a viver; quem acostuma, amadurece antes do tempo, fica podre.
"No fundo, o podre mesmo não era podre..."pensava, olhando o marido dormir na poltrona
Maria que era mulher de verdade. Sim, daquelas que amam na desesperança e na alegria, com a mesma indolência.
Maria, a salvadora.
Rodrigo tinha dois anos e Edinho, cinco. Fazia muito frio e o mais velho estava doente. Com Rodrigo no colo, termômetro marcando 40 graus e o marido no bar, Maria pensou que era o fim.
Mas ela sabia. Não adiantava reclamar. Os filhos gostam é da mãe na hora da dor. Gostam do calor, do sentimento que há no calor de uma mãe compadecida.
A coisa piorando. Remédio que não adiantava. Filho chorando no colo e ela calando seu desespero.
Banho e paciência. Deus não me abandone. Deus misericordioso.
Porta batendo. "É o Lauro ! É o Lauro graças a Deus ! "
Marido pega o bebê no colo. Maria agradecida, com Edinho a tira colo. Mais banho e carinho. Até a febre abaixar.
Com mãos zelosas, enxuga o filho, coloca ele na cama e o cobre, com manta e oração.
Maria consoladora. Marias, tantas Marias...Do nascimento à morte. A simples vitória do amor.
Luta finda, acabou dormindo ao lado do filho.
Dormiu não por estar cansada, e sim, porque sabia que poderia aquecê-lo mais um pouco, do frio que certamente, iria aumentar.
Maria mãe, a minha, a sua, a de todos.
A única.
Angélica Medeiros,16.12.2010

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Conversa sobre Sexo

Ontem sonhei que estava em uma classe palestrando sobre sexo. Falava como se fosse "expert" no assunto. Fiquei encucada com o sonho. Porque não sou nem nunca fui uma "expert" em sexo. Porém, no sonho, eu falava com tanta segurança, que passei a desconfiar que não era eu que estava naquela sala...
Mais íncrivel foi o fato de fazerem uma fila, para ouvirem meu discurso.
Tudo bem. Falar sobre sexo é tão comum quanto falar sobre futebol ou religião. Comum e polêmico. Comum na medida que todo ser humano, a partir do momento que adquire o dom da linguagem, acaba uma ora ou outra, falando de sexo. A criança, para imitar o adulto e fazer rir a outrem; o adolescente, para impressionar, e por fim, o adulto, para chegar aos finalmentes.
Até aí tudo bem. O sexo domesticado. Inofensivo. Que se põe à mesa. Cumplice da avó, da filha e primas assanhadas.
Mas e aquele outro sexo, que se esconde em becos escuros e sujos, em consultórios médicos higienizados e despudorados ?
Aquele sexo que feriu fundo, deixando uma cicatriz enorme no peito da moça, que nunca mais conseguiu se entregar, a nenhum homem, devido ao trauma latente ?
Sim, meus amigos. O sexo pode lavar, ou queimar; pode levar as alturas, ou ao inferno mais torpe.
Então, me vem a pergunta : falar de sexo ou faze-lo ?
Parece que estou pronta para falar, no entanto, com relação a prática, é sempre algo a se pensar...
Porque parece que nunca estamos prontas para isso. Mas irão falar, mas o bom mesmo é fazer sexo, e não falar sobre sexo.
Pensando bem, as duas coisas são complicadas. Quando pensamos sobre sexo profundamente...
Olhando para ele como se fosse uma esfinge...E ele pergunta : decifra-me ou te devoro.
Se quiser tentar, vá em frente.
Quanto a mim, por enquanto, ficarei com o sonho apenas.

Angélica Medeiros, 14.12.2010

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Rede Social - Bilionários por acaso

Fui assistir o filme "Rede Social" ,e sai do cinema lamentando pelo garoto que criou o Facebook. Mas por que lamentar, se ele é o mais novo bilionário do mundo ? Dono de uma fortuna de 25 bilhões de dólares, e uma das figuras mais conhecidas do mundo. Não bastasse sua fortuna, é incrivelmente inteligente e criativo. Mas por que lamentar então o sucesso de Zuckerman ?
Pelo simples motivo de que, com sua inteligencia, logo ele vai perceber ( se é que já não sabe), que parte do que ele conquistou, equivale a números, fama, e que, apesar deles, para as mulheres ( as verdadeiras mulheres), ele ainda continua sendo o babaca, que sendo rejeitado, ofendeu sua ex- em seu blog. Mas o que mais causa pena, é que Zuckerman não é um babaca porque ele quer, e sim, porque existe em sua personalidade um desiquilibrio entre o intelecto e o emocial. Em outras palavras, ele é o "nerd" que entende tudo de computadores e nada de mulheres. E o incrível é pensar que dificilmente ele vai mudar. Porque ele nasceu programado assim. Se parece mais com um computador que com um homem; e age com a lógica fria de um gigabite, clicando aqui e ali, como se quisesse trazer a vida inteira para dentro da net.
Tenho pena dele também porque, precisou criar algo feito o Facebook para ser "amado"; (se é que poderiamos chamar de amor o que os novos amigos sentem por ele). Fez o mais díficil, o que milhares de pessoas são incapazes de fazer, e o mais fácil, que qualquer um pode fazer, que é construir relações saudaveis e sinceras de amizade, ele era incapaz de fazer.
O mais estranho é que a impressão que ficou, seria a de que Zuckerman, não se importava muito com o fato de ter virado milionário e famoso. Se importava sim com o fato de ter sido capaz de criar o Facebook. Ele e mais ninguém, para então, depois de mais de um milhão de acessos em seu site, ele, o criador do Facebook, enviar finalmente um pedido de amizade, a sua ex-, Erika, que se aceitou ou não, infelizmente, acabamos sem saber, sendo esse o final, desse maravilhoso filme.
Angélica Medeiros, 08.12.2010

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Tempo de Festa

Dezembro vem chegando. Tempo de festas e confissões. Dezembro vem chegando e precisamos preparar o espírito. Preparar para o que há de melhor e pior no que chamamos de "convivência familiar".
Isso porque não há pessoas que nos conheçam mais que nossa mãe, pai, irmãos e parentes. Conhecem como ninguém nossos defeitos, nossas qualidades e o pior é que têm sempre uma ótima memória para, sem querer, jogar na nossa cara o que, por conveniência, gostaríamos de esquecer. Sim. É tempo de confissões e obrigações.
Responder as perguntas clássicas. " E aí, querida, o que tem feito de bom ? E aí, está namorando ? Está naquele emprego ainda ?"
Então, sem saída, para não macular o espírito Natalino, confessamos que nossa vida "vai indo", que estamos solteiras, e que tivemos um aumento de 5% no nosso salário...
Respondemos sabendo de antemão o que fulano está pensando. Que nossa vida está uma bosta, porque não compramos carro novo, nem fomos para Bahia, coisa que, ele fez, naturalmente.
Mas aí, eu penso : é Natal, época de harmonia, paz e amor. Suspiro e abraço o infeliz.
Passando a tempestade, chega a hora que mais gosto. Quando já um pouco bêbada, fico quieta no meu canto, pensando que sou mesmo uma pessoa afortunada, pois, tenho família. Sim, tenho família ! Outro e mais outro gole de champanhe, pensando que tenho família, e por mais que isso possa ser estranho, acabo percebendo que estou alegre por ter com quem confessar minhas aflições...
Aquelas guardadas a sete chaves, que só confessaria à um psicologo, mais como os tempos estão difíceis, sinto-me agradecida, naturalmente, aos meus parentes que não cobram nada por seus ouvidos.
Acaba assim, que Dezembro se torna o mês das festas, das confissões e catarses.
Mas tudo bem. Temos champanhe e castanhas para preencher o vazio e a falta que a gente sente do que fomos, do que perdemos, e talvez, da gente mesmo.
A vida que segue, as coisas que acontecem, apenas para que no próximo ano, haja assunto, entre nós, previsíveis e inconstantes seres humanos.

Angélica Medeiros, 03.12.2010

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sobre o Amor

Ouvindo Vinicius, senti uma vontade de falar sobre o amor.
Eu, que nunca soube amar, querendo entender o amor. Eu, que nunca aprenderei a amar, procurando compreendê-lo.
Deveria desistir, eu sei. Mas não vou. Sabe por que ?
Porque é muito mais fácil falar do amor, que amar, e ironicamente, quem ama de verdade, ou amou, talvez nunca sentiu necessidade forte de falar sobre o amor. O que não é o meu caso. Definitivamente, preciso falar do amor. Porque, como eu disse, é fácil falar dele. Eu que acompanho seus passos, às vezes seguindo ele pela contramão, sei o que ele quer e do que ele precisa. Talvez por saber tudo, é que não me atrevo a aproximar-me. Ele, ciente da minha covardia, me olha, cansado, e continua, saboreando suas conquistas, com ar de quem já se acostumou a vencer.
Uma vez, mas só uma vez, ele me esperou atrás de um muro, sem eu saber, e me pegou de surpresa. Sabe o que ele disse ? Me chamou pelo nome e sorriu; nessa hora, seu rosto estava transfigurado, e por um momento, eu me vi nele.
Desesperado, corri dali. Porque por um momento, percebi que aquilo era tudo que o amor poderia me dar àquele momento. Não por culpa dele, mas minha !
Disse que falar do amor é fácil.Nem tanto...Às vezes dói. Sangra. Vinicius que o diga. Ele que tanto amou...
Mas será que amou mesmo ? Quem poderia saber ?
Só ele. Sim. Temos que perguntar a ele. Ao amor que tudo sabe, mais nada diz.
Ao amor, que espera, a gente ficar pronto.
Para então, amar.

Angélica Medeiros, 01.12.2010