sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Delírios de fim de Ano

Deliro na certeza de carregar o mundo nas costas, no entanto, fujo de responsabildades que pessoas normais, não deixam de ter. Delírios que sobrecarregam meu coração de culpa e ansiedade. Porque logo após arder no fogo do inverno já estou eu me banhando nas águas do alívio . Acredito e não acredito em certas coisas. Misticismo. Esquizofrenia.
Porém, tenho consciência de tudo. De meus pensamentos, de meus medos, e sei que eles fazem parte da minha personalidade, e que devem ser respeitados, como amo e tolero os defeitos e loucuras de outras pessoas.
A dificuldade não pára aí. Amo as pessoas, mas não posso permitir que esse amor seja ativo. Meu amor pelos seres humanos se parece mais com uma idéia, uma fábula e sua moral no fim. Simplesmente fazer o bem, e esperar das pessoas o mesmo, porque só o bem importa. Porém, envergonhada, vejo as pessoas se amando, no erro, na dificuldade, e apenas me ajoelho, em respeito a esse ou aquele santo, que nunca serei.
Rezo para as pessoas, vou a Igreja todos os dias, mas não sou capaz de levar a Igreja e Deus nos sorrisos que finjo, no aperto de mão mecânico, no aceno comedido. Vivo um amor em pensamento, sabendo que isso não é amor e sim, uma fuga; e quando castigada, meu orgulho ferido, que é apenas meus pensamentos travestidos de amor, se ergue contra a humanidade e vocifera que foi injustiçado e que mais uma vez, tem razão de ser assim como é, solitário em seu pedestal de amargura e insensatez.
Sou fria quando o momento pede compaixão, sou piedosa, quando a multidão joga pedras. Tenho paciência, humildade, mas na hora seguinte, me arrependo, explodo, por tratar como covardia o que o outro sentiu como caridade.

Homems e Mulheres
Amo homens e mulheres. Mas meu amor pelos homens tem mais de ódio que de amor. Já meu amor pelas mulheres tem a ver com poder e sensualidade.
Eu respeito o poder dos homens, invejo, sua inteligencia e impetuosidade, mas não suporto como eles tratam a questão feminina. Não aceito o modo como eles preferem olhar as mulheres : querendo a fragilidade delas, a submissão e dependência. No fundo, não toleram que uma mulher possa ser mais que eles, mais inteligente, mais rica, mais bem sucedida. Porque elas nasceram para servi-los, e não para competir com eles, como homens. Não aceito isso, em consequência, meu relacionamento com um homem pode apenas ser de amizade.
As mulheres, estou ainda aprendendo com elas, a ser mais feminina. Queria aprender tudo com elas : a amar novamente, com mais intimidade, mais compreensão e mais tolerância. Acho que isso só elas poderão me ensinar.
As mulheres são mais leves, mais divertidas e falam de coisas do coração, e humanas. Dificilmente falarão de carros, de viagens e de negócios. Para elas, o que importam são os relacionamentos, a família e a necessidade de serem amadas.
( ainda não terminei)

Angélica Medeiros, 08.10.2010

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Filosofias de Livraria

Trabalho na livraria Saraiva : As horas em meu trabalho procurando livros suscita algumas questões.
O que é mais prazeroso, procurar livros ou encontrá-los ?
Metáfora melhor para explicar o ofício de escritor não há...Sinto mais prazer em escrever minha obra ou terminá-la ?
Pensando na vida...Em sexo...O que é mais gostoso, o intercurso ou os finalmentes ? Engraçado é que quando me jogo na procura de um livro, seja na estante, no estoque, ou em qualquer outro lugar da loja penso principalmente na meta e no meu emprego. Apesar disso, penso que se fosse rica, milionária, compraria uma loja do tamanho da Saraiva e passaria meus dias e noites dentro dela, mexendo nos livros, vendo o tempo passar por nós sem nos atingir, como se minha mortalidade repousasse intacta diante da influência pecaminosa do tédio, que de tanto mexer, quebrou a cadeira onde estava sentado.
Mais complicado ainda é pensar que existem pessoas que gostam de encontrar livros, escrevê-los e por que não ? Olhar os outros fazendo sexo . (oh!)
Conheci pessoas assim, nada tinham de muito diferente, exceto pelo fato de gozarem muito bem quando vendo duas mulheres transando loucamente...Não, eu nunca fiz isso, mas convenhamos...Que deve ser bom, ah deve !
Do jeito que eu falo parece que as três melhores coisas do mundo são : procurar livros, escrevê-los e sexo não-convencional...
Então outra questão : mas qual a ligação entre gostar de livros e sexo ? Meu querido(a), isso é óbvio. Os livros excitam a imaginação e quanto mais enchermos nossas cabeças com romances, dramas, suspiros e reconciliaçoes, mais abertura ao tesão daremos.
E tem mais ! Os livros nos tornam pessoas mais conscientes do nosso desejo, porque cada novo personagem que conhecemos nos mostra quem seriamos, se estivessemos em seu lugar, ou seja, a leitura nos dá a liberdade para sentir ou não sentir desejo por essa ou aquela pessoa, sabendo de antemão, porque o suposto desejo aflorou. Sim, meus caros, é melhor controlar nossos desejos para melhor realizá-los, o que difere muito do que sente o típico apaixonado, que não pensa para sentir, agindo só por impulso.
Resumindo : podemos usar o sexo como usamos os livros, sem dar nada em troca, sem perder nada, apenas usufruindo os bons momentos, a beleza e o estupor.
É claro que para isso preciso de alguém que veja o sexo como eu vejo, ocasionando assim, do ato, uma opção justa. Sexo, livros, opção justa...
Não sei onde isso vai parar, só sei que estou gostando.
mas bom mesmo são aqueles livros que não preciso procurar, as manhãs que não teimo em escrever, as noites que apenas durmo, sem sexo, sem dor.
Dias em que penso calmamente nas pessoas que eu amo, nas que eu deixei de amar e que por isso, foram para bem longe.
Sera que lembram de mim ? E o que eu lembro delas, será o suficiente para me fazer mais feliz do que já sou ?
Anonimato. Uma palavra que quase ninguém se importa. MElhor que o sexo, melhor que os livros.
Uma palavra que me cai bem. Até a próxima página.
No entanto, ainda sou.

Angélica Medeiros, 06.10.2010