quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Maria mãe

obs. Obrigada Rodrigo, Alaor e André, pelos sublimes últimos comentários ! Me dão estímulo para continuar. Valeu !


Maria mãe

Maria era desbocada, ingênua e feliz. Não dizia nada que sugerisse uma partida, porque mantinha firme a raíz que a ligava às pessoas que amava, seu marido e filhos, que, para ela, significavam a vida e a morte.
Dia após dia, ela ardia na convicção de superar-se.
Por isso, sugeria mudanças. Dizia sermões com melado na mão. Maria sabia, sim, ela cansava de saber, e dizia na hora da janta, repetindo as palavras de sua avó : viver é uma vez só.
- Por que a senhora vive repetindo isso mãe ? perguntou o maior, divertido.
- Porque não se pode acostumar a viver; quem acostuma, amadurece antes do tempo, fica podre.
"No fundo, o podre mesmo não era podre..."pensava, olhando o marido dormir na poltrona
Maria que era mulher de verdade. Sim, daquelas que amam na desesperança e na alegria, com a mesma indolência.
Maria, a salvadora.
Rodrigo tinha dois anos e Edinho, cinco. Fazia muito frio e o mais velho estava doente. Com Rodrigo no colo, termômetro marcando 40 graus e o marido no bar, Maria pensou que era o fim.
Mas ela sabia. Não adiantava reclamar. Os filhos gostam é da mãe na hora da dor. Gostam do calor, do sentimento que há no calor de uma mãe compadecida.
A coisa piorando. Remédio que não adiantava. Filho chorando no colo e ela calando seu desespero.
Banho e paciência. Deus não me abandone. Deus misericordioso.
Porta batendo. "É o Lauro ! É o Lauro graças a Deus ! "
Marido pega o bebê no colo. Maria agradecida, com Edinho a tira colo. Mais banho e carinho. Até a febre abaixar.
Com mãos zelosas, enxuga o filho, coloca ele na cama e o cobre, com manta e oração.
Maria consoladora. Marias, tantas Marias...Do nascimento à morte. A simples vitória do amor.
Luta finda, acabou dormindo ao lado do filho.
Dormiu não por estar cansada, e sim, porque sabia que poderia aquecê-lo mais um pouco, do frio que certamente, iria aumentar.
Maria mãe, a minha, a sua, a de todos.
A única.
Angélica Medeiros,16.12.2010

Um comentário:

Anônimo disse...

Emocionante, tocante... e sensível! Muito lindo, Angel! Continua postando, hein!


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